Sépia
Recentemente inscrevi-me num site de fotografia. Sim, porque o verdadeiro artista é multifacetado e também é fotógrafo. E um artista medíocre, para além de escrever um blog medíocre também tira fotos fraquinhas. Para manter a coerência. O meu caso é naturalmente o segundo.
Ora acontece que resolvi colocar a foto da minha cara no meu profile, no dito site. É uma coisa que não costumo fazer, dada as idiossincrasias estéticas inerentes à minha condição facial (tradução: sou feio). Ainda assim, e como tinha uma foto em que não tinha ficado tão mal como é costume, lá arrisquei.
O resultado foi o esperado. Uma cara palerma é sempre uma cara palerma. Na internet ou numa moldura. Mas uma cara palerma na internet toma proporções globais e a dimensão da palermice pode-se tornar avassaladora.
Foi então resolvi pôr no site a mesma foto, mas a preto e branco. E o que seria de esperar, que ficaria com a mesma cara palerma, mas agora a preto e branco, não se verificou.
Uma foto a preto e branco torna-se artística. Arty e cool (que são duas palavras que não querem dizer nada em português mas mesmo assim apeteceu-me escrevê-las aqui). Esta é a verdade. E eu tornei-me artístico. Bastou esse detalhe para me transfigurar completamente. Agora sou um verdadeiro artista. A minha qualidade artística disparou exponencialmente.
E agora, que já sou um artista a preto e branco, só me resta ter como objectivo trabalhar cada vez mais. Melhorar as minhas qualidades artísticas e técnicas. Até me tornar sépia. Conseguir atingir a qualidade de se ser sépia é o verdadeiro nirvana, o el dorado dos artistas em geral. E dos fotógrafos muito em particular.
Quando eu fôr sépia terei um nível artístico verdadeiramente genial. E então tudo será perfeito.
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