Sandes de Choco
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sexta-feira, setembro 23, 2005

O pior do mundo são os colegas

Tal como eu dizia no meu post anterior:
Há a tendência para pensarmos que as piores pessoas no trabalho são os chefes. Nada de mais errado. O pior do trabalho (e do mundo) são mesmo os colegas.


Já analisámos os chefes, falemos então dos colegas.

Dada argumentação anterior, compreendemos como é fácil enganar um chefe ou um cliente. Não há dúvida de que eles não distinguem as tarefas necessárias à execução de um projecto, dum caroço de azeitona.
Tudo o que lhes dissermos, desde que seja com cara séria, eles engolem.

Mas o problema é que os colegas sabem o que nós fazemos. Como enganá-los? Não dá!
É um perigo tentar intrujar o chefe à frente dum colega. Ele pode facilmente desmascarar-nos.

Ou os colegas alinham no jogo (só resulta com os colegas igualmente indolentes), ou somos mesmo obrigados a fazer amizade com o chefe, para rapidamente cair nas boas graças do mesmo, ao mesmo tempo que envenenamos e descredibilizamos os colegas eficientes. Não é assim tão complicado, acreditem.
Até porque o colega competente é um empecilho. Sempre a complicar com ideias perigosas como "fazer rápido", "fazer bem" e "explicar bem as coisas ao cliente". O que nós queremos é "fazer de qualquer maneira" e "fazer a tempo". Normalmente o chefe concorda connosco.

Outra forma de neutralizar os colegas mais perigosos é a táctica de "larga a bomba e foge". É muito simples: em conversas de café puxamos temas controversos em que dizemos mal de tudo e vamos envenenando tudo e todos. Ou então, na presença do chefe, começamos discussões polémicas e depois retiramo-nos discretamente da conversa. O colega rebela-se e afronta o chefe. Há sangue. Mas não é o nosso.

Existem vários tipos de colegas, quase todos maus.
Os piores são os mesmo muito competentes. Esses trabalham muito e trabalham bem. E invariavelmente fazem os outros colegas parecer mal. Mesmo os razoáveis, já não falo dos parasitas como eu. Arruinam completamente a nossa vida. E não dá para os descredibilizar. São demasiado bons e demasiado úteis. Não gosto deles.

Os colegas menos maus são os preguiçosos como eu. Mas mesmo com esses, todo o cuidado é pouco. Partilham os nossos segredos de ronha. E um dia mais tarde podem-se voltar contra nós.

Um problema sério seria se um colega competente ascendesse um dia a chefe. Aí ia ser a nossa desgraça. Felizmente os trabalhores competentes nunca chegam a chefes. São demasiado úteis a trabalhar. É preferível contratar inúteis engravatados para ocupar posições de chefia. Ou promover os trabalhadores mais inúteis. Assim não há quebra de produtividade.

Seguindo esta lógica, qualquer dia ainda vou ser chefe. Acho que estou a trabalhar bem nesse sentido. Não acham?

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