A minha internet avariou-se
Para quem ainda não sabe, a minha ocupação profissional (também, por vezes, denominada de "emprego") é "consultor informático".
O meu trabalho é engraçado, quer dizer... dá vontade de rir. Embora não necessariamente a mim.
Pagam-me para andar de empresa em empresa, qual caixeiro viajante, para fazer trabalhos que os recursos internos da empresa fariam bem melhor que eu. E de forma bem mais barata, diga-se de passagem.
Os consultores são como as putas (eu não gosto de usar vocabulário vernáculo aqui na Sandes de Choco, mas desculpem, teve mesmo que ser. é a única palavra que define isto):
Trabalhamos pagos à hora, fazemos o que o cliente manda, o nosso único objectivo é manter o cliente satisfeito (mesmo que saibamos que o que ele quer é parvo e nunca vai funcionar).
Em termos tecnológicos, ainda se admite que saia mais barato contratar empresas de escravos informáticos para fazer trabalho técnico. As consultoras tecnológicas possuem o conhecimento técnico, têm os frameworks (gosto desta palavra, embora em vários anos de trabalho nunca tenha percebido o que quer dizer) certos, e bastante experiência em termos de chicoteamento e outros métodos de tortura para fazer os porcos (outro nome dado aos escravos informáticos) para fazer cumprir os prazos e preços previamente acordados.
Mas o conceito mais engraçado de todos é o da "Consultoria de Negócio". Este é capaz de ser complicado de explicar a alguém com a cabeça sã.
A coisa funciona mais ao mesmo assim:
1. O cliente tem um negócio, que funciona e dá bom dinheiro (senão eles nunca poderiam pagar a consultoria de negócio - que não é coisa para custar três tostões).
2. O cliente contrata os consultores de negócio (CNs).
3. Os senhores engravatados, de preferência com gel no cabelo e pertencentes a uma firma com nome estrangeiro aparecem (nesta fase o cliente já está a pagar).
4. O cliente explica aos CNs o seu negócio, e o que pretende fazer.
5. Os CNs escrevem tudo o que o cliente lhes explicou (ditou, de preferência. porque eles nem têm muito boa memória nem são particularmente inteligentes) em bonitas folhas de papel, com uma font bonita e vários diagramas (só ao alcance de consultores estrangeiras possuidoras dos frameworks apropriados e consultores engravatados com gel no cabelo).
6. O cliente paga uma porrada de dinheiro por uma ideia que foi dele.
Tudo isto para entrar no tema que me trouxe a este belo post.
Como bom consultor que sou, ando sempre a pular de cliente em cliente ("pular de cliente em cliente" é mais outra boa razão para o termo vernáculo, que não me atrevo a repetir, ser tão apropriado para descrever aquilo que eu faço).
Neste cliente, a nossa ligação à internet é feita através de uma maquineta a que pomposamente chamamos proxy e onde é suposto pôrmos as nossas passwords.
Esta proxy tem o condão de bloquear todo o acesso a conteúdos tão imprescindíveis ao trabalho como por exemplo o jornal "A Bola", todos os messengers e todo o tipo de pornografia.
Como é possível trabalhar nestas condições?
De vez em quando (todos os meses) as passwords expiram. Traduzindo isto por miúdos, é o mesmo que dizer que a nossa internet fica avariada.
Sem internet é impossível trabalhar. Toda a gente sabe isto mesmo que o trabalho não dependa da internet. É uma questão psicológica. Eu já trabalhei num sítio (antes de ser uma puta consultora) que não tinha internet. Mas não resultou muito bem. Acho que foi mesmo por eles não terem ligação à net nos postos de trabalho("posto de trabalho" é o termo pomposo usado nalgumas empresas para o lugar onde as pessoas passam o dia em messengers e a ler a bola e a jogar ao mine sweeper).
E quando saí desse emprego era um jogador de "paciências" muito melhor.
Foi por isto que decidi escrever no blog, usando um ficheiro de texto e depois copiando isto para o blog. Mas mesmo assim, não dá para escrever. É preciso pesquisar no google, ler coisas.
Ficamos a pensar como é que as nossas vidas foram possíveis tantos anos sem internet. E sem google!? Como é que as pessoas trabalhavam antes de haver google!? Liam as coisas em livros e manuais!? Não pode ser! Custa a acreditar.
Outra coisa curiosa é pensar que hoje em dia um PC não serve p'ra nada se não estiver ligado à net... Mas então como é que tinhamos os nossos PCs em casa durante anos? Para quê!? O que é que fazíamos?
É estranho, não é? Eu também acho!
O meu trabalho é engraçado, quer dizer... dá vontade de rir. Embora não necessariamente a mim.
Pagam-me para andar de empresa em empresa, qual caixeiro viajante, para fazer trabalhos que os recursos internos da empresa fariam bem melhor que eu. E de forma bem mais barata, diga-se de passagem.
Os consultores são como as putas (eu não gosto de usar vocabulário vernáculo aqui na Sandes de Choco, mas desculpem, teve mesmo que ser. é a única palavra que define isto):
Trabalhamos pagos à hora, fazemos o que o cliente manda, o nosso único objectivo é manter o cliente satisfeito (mesmo que saibamos que o que ele quer é parvo e nunca vai funcionar).
Em termos tecnológicos, ainda se admite que saia mais barato contratar empresas de escravos informáticos para fazer trabalho técnico. As consultoras tecnológicas possuem o conhecimento técnico, têm os frameworks (gosto desta palavra, embora em vários anos de trabalho nunca tenha percebido o que quer dizer) certos, e bastante experiência em termos de chicoteamento e outros métodos de tortura para fazer os porcos (outro nome dado aos escravos informáticos) para fazer cumprir os prazos e preços previamente acordados.
Mas o conceito mais engraçado de todos é o da "Consultoria de Negócio". Este é capaz de ser complicado de explicar a alguém com a cabeça sã.
A coisa funciona mais ao mesmo assim:
1. O cliente tem um negócio, que funciona e dá bom dinheiro (senão eles nunca poderiam pagar a consultoria de negócio - que não é coisa para custar três tostões).
2. O cliente contrata os consultores de negócio (CNs).
3. Os senhores engravatados, de preferência com gel no cabelo e pertencentes a uma firma com nome estrangeiro aparecem (nesta fase o cliente já está a pagar).
4. O cliente explica aos CNs o seu negócio, e o que pretende fazer.
5. Os CNs escrevem tudo o que o cliente lhes explicou (ditou, de preferência. porque eles nem têm muito boa memória nem são particularmente inteligentes) em bonitas folhas de papel, com uma font bonita e vários diagramas (só ao alcance de consultores estrangeiras possuidoras dos frameworks apropriados e consultores engravatados com gel no cabelo).
6. O cliente paga uma porrada de dinheiro por uma ideia que foi dele.
Tudo isto para entrar no tema que me trouxe a este belo post.
Como bom consultor que sou, ando sempre a pular de cliente em cliente ("pular de cliente em cliente" é mais outra boa razão para o termo vernáculo, que não me atrevo a repetir, ser tão apropriado para descrever aquilo que eu faço).
Neste cliente, a nossa ligação à internet é feita através de uma maquineta a que pomposamente chamamos proxy e onde é suposto pôrmos as nossas passwords.
Esta proxy tem o condão de bloquear todo o acesso a conteúdos tão imprescindíveis ao trabalho como por exemplo o jornal "A Bola", todos os messengers e todo o tipo de pornografia.
Como é possível trabalhar nestas condições?
De vez em quando (todos os meses) as passwords expiram. Traduzindo isto por miúdos, é o mesmo que dizer que a nossa internet fica avariada.
Sem internet é impossível trabalhar. Toda a gente sabe isto mesmo que o trabalho não dependa da internet. É uma questão psicológica. Eu já trabalhei num sítio (antes de ser uma puta consultora) que não tinha internet. Mas não resultou muito bem. Acho que foi mesmo por eles não terem ligação à net nos postos de trabalho("posto de trabalho" é o termo pomposo usado nalgumas empresas para o lugar onde as pessoas passam o dia em messengers e a ler a bola e a jogar ao mine sweeper).
E quando saí desse emprego era um jogador de "paciências" muito melhor.
Foi por isto que decidi escrever no blog, usando um ficheiro de texto e depois copiando isto para o blog. Mas mesmo assim, não dá para escrever. É preciso pesquisar no google, ler coisas.
Ficamos a pensar como é que as nossas vidas foram possíveis tantos anos sem internet. E sem google!? Como é que as pessoas trabalhavam antes de haver google!? Liam as coisas em livros e manuais!? Não pode ser! Custa a acreditar.
Outra coisa curiosa é pensar que hoje em dia um PC não serve p'ra nada se não estiver ligado à net... Mas então como é que tinhamos os nossos PCs em casa durante anos? Para quê!? O que é que fazíamos?
É estranho, não é? Eu também acho!
3 leitores trincaram a sandes:
É... a técnologia tem destas coisas... eu não tenho telemóvel (esse bicharoco incomodativo!) e não me faz diferença nenhuma... mas tirem-me a internet e vejam-me chorar como um bebé (ou espernear como uma maluca dependendo dos dias) Alem disso se não houvesse internet tambem nao havia esta maravilhosa troca de ideias e já não podias revelar ao mundo que te sentes como uma "puta consultora" (E acredita que viver sem saber uma coisa dessas, ou com esse fardo, é duro... mto duro!)
Por Anónimo, às 21/7/05 18:04
Correcção:
Eu não me "sinto como" uma puta consultora. Eu sei que sou mesmo! Não adianta negar. Já passei a fase da negação. ;)
Por Fixemobil, às 21/7/05 18:26
Eu cá gosto de stressadas a espernear como malucas... também gosto de tirar o stress a malucas... enfim gosto de malucas! Mas também gosto de mulheres que não sejam malucas. E de putas consultoras também, desde que sejam mulheres...! A esta hora poderão estar a pensar: "mas que raio é que este gajo está para aqui a escrever? Aparece com cada tarado!". Pois é verdade, a internet tem destas coisas: os tarados surgem em todo o lado. Mas eu até nem me considero muito tarado, gosto é de mulheres e pronto! Também já passei a fase da negação... embora nem sequer tenha dado por ela.
Quanto ao tema de mais esta brilhante crónica, neste inolvidável blog, só tenho a dizer que, na sua essência, concordo, especialmente na parte do ser curioso. No entanto a falta da Internet não me provoca grande stress, desde que não tenha um computador à frente, i.e., se estiver de férias, portanto ausente de uma secretária, não sinto necessidade da internet... mas continuo a pensar em malucas... ou pelo menos em mulheres.
Por Anónimo, às 22/7/05 11:48
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