Mendigos (part III)
Já é a terceira vez que faço referência a mendigos nesta publicação (as outras duas foram aqui e aqui).
Gosto deles. O que é que se há de fazer.
Têm sempre novas formas de animar o nosso dia e entreter as nossas viagens no metro.
Não gosto daqueles que não fazem nada. Vêm pedir o nosso dinheiro sem dar nada em troca. Isso não!
Mas depis há aqueles que nos oferecem verdadeiro entretenimento de qualidade.
Uma referência é aquele rapazinho que anda com um cãozinho minúsculo ao ombro. O cão segura, com cara de grande sofrimento (todos os mendigos são exímios em fazer caras de grande sofrimento. até os cães), um copo de plástico entre os dentes. Enquanto o cão nos olha com olhos tristonhos e dentes arreganhados (por estar a segurar o dito copo), o rapazito presenteia-nos com êxitos musicais que fluem do seu acordeão.
Eu pessoalmente acho aquilo uma grande exploração. O pobre cãozito a sofrer e a estragar os dentes, explorado pelo infâme acordeonista junior. Ou será o pobre rapazito que é explorado pelo infâme cão?
De qualquer das formas é uma exploração infâme. Quanto a isso não há dúvidas.
Ontem deparei-me com outra pérola de criatividade mendiga:
Carruagem na linha amarela, sentido campo grande - rato. Oiço uma ladaínha ao longe em tom de lamento. Ouvindo com mais atenção era o habitual "Sinhôr e sinhôra... disculpa incumudar... blabla... não tenho casa não tenho dinhêro". O resto das palavras eram variações simples, sobre o mesmo tema. Imperceptíveis como de costume. Tudo com uma cadência assim como de quem reza o terço.
Até aqui nada de novo. A novidade era que a jovem pedinte se anunciava antes de entrar em cada carruagem, parando e repetindo a sua lenga-lenga.
Mas só quando ela chegou à minha carruagem é que eu me apercebi da grande habilidade. A ladaínha era declamada em coro, em uníssono perfeito (estavam bem ensaiadas) com uma criaturinha minúscula, uma autêntica versão "mini-me" da primeira.
Eu confesso que um cânone a duas vozes seria mais do meu agrado do que um simples coro gregoriano. Mas ainda assim louvo a proeza e a originalidade.
Mendigos originais e empreendedores é o que país precisa!
Gosto deles. O que é que se há de fazer.
Têm sempre novas formas de animar o nosso dia e entreter as nossas viagens no metro.
Não gosto daqueles que não fazem nada. Vêm pedir o nosso dinheiro sem dar nada em troca. Isso não!
Mas depis há aqueles que nos oferecem verdadeiro entretenimento de qualidade.
Uma referência é aquele rapazinho que anda com um cãozinho minúsculo ao ombro. O cão segura, com cara de grande sofrimento (todos os mendigos são exímios em fazer caras de grande sofrimento. até os cães), um copo de plástico entre os dentes. Enquanto o cão nos olha com olhos tristonhos e dentes arreganhados (por estar a segurar o dito copo), o rapazito presenteia-nos com êxitos musicais que fluem do seu acordeão.
Eu pessoalmente acho aquilo uma grande exploração. O pobre cãozito a sofrer e a estragar os dentes, explorado pelo infâme acordeonista junior. Ou será o pobre rapazito que é explorado pelo infâme cão?
De qualquer das formas é uma exploração infâme. Quanto a isso não há dúvidas.
Ontem deparei-me com outra pérola de criatividade mendiga:
Carruagem na linha amarela, sentido campo grande - rato. Oiço uma ladaínha ao longe em tom de lamento. Ouvindo com mais atenção era o habitual "Sinhôr e sinhôra... disculpa incumudar... blabla... não tenho casa não tenho dinhêro". O resto das palavras eram variações simples, sobre o mesmo tema. Imperceptíveis como de costume. Tudo com uma cadência assim como de quem reza o terço.
Até aqui nada de novo. A novidade era que a jovem pedinte se anunciava antes de entrar em cada carruagem, parando e repetindo a sua lenga-lenga.
Mas só quando ela chegou à minha carruagem é que eu me apercebi da grande habilidade. A ladaínha era declamada em coro, em uníssono perfeito (estavam bem ensaiadas) com uma criaturinha minúscula, uma autêntica versão "mini-me" da primeira.
Eu confesso que um cânone a duas vozes seria mais do meu agrado do que um simples coro gregoriano. Mas ainda assim louvo a proeza e a originalidade.
Mendigos originais e empreendedores é o que país precisa!
0 leitores trincaram a sandes:
Enviar um comentário
<< Voltar à Sandes