Sandes de Choco
Um espaço dedicado ao choco em geral e à sandes de choco frito em particular. E aos seus derivados e sucedâneos. E à mini. E não só.

sexta-feira, julho 29, 2005

O Cocó Empresarial (ou Corporate Poo - em estrangeiro soa sempre mais profissional!)

Meus amigos. Agora vamos falar de coisas sérias. Eu não queria, nem é meu costume, falar de coisas sérias aqui. E temo que esta seja mais uma prédica bastante extensa. Mas tem mesmo que ser.

Vou falar do cocó. Não de um cocó qualquer, mas do cocó que se pratica nas nossas empresas. O chamado Cocó Empresarial. Não é apenas um mero exercício de humor primário e escatológico. Isto é mesmo uma coisa séria.

Desde pequenito me habituei a fazer quase todas as minhas funções fisiológicas (das quais destaco comer e fazer cocó) em casa. Isto era possível porque sempre andei na escola muito perto de casa.
Mesmo quando comecei o meu processo de exílio, quando fui para a faculdade longe da minha amada cidade de Setúbal, guardava sempre o cocó para fazer em casa. É uma coisa especial, que não queremos desperdiçar em sanita alheia. Tem que ser obrado no conforto do lar.

Acontece que, desde que comecei a trabalhar, me fui apercebendo que o local de trabalho iria ser a minha nova casa, pelo menos 8 horas por dia. Assim sendo tive que me habituar a fazer cocó no emprego. Podemos guardá-lo para a noite. Mas não é a mesma coisa. O bom cocó é o que se faz pouco depois de almoço, mas antes da hora do lanche. É esse o momento mais propício, em que ele está pronto a sair nas melhores condições.
Aliás é a essa a hora que quase toda a gente vai "obrar".

Não que se fale nisso. O cocó é, ainda e sempre, um tabu no mundo empresarial. Dir-se-ia que a primeira regra do Cocó Empresarial é "não se fala do Cocó Empresarial" (onde é que eu já ouvi isto?). Mas mesmo não falando nisso, toda a gente sabe onde vai o colega quando se levanta sorrateiramente do seu posto de trabalho, para voltar 15 minutos mais tarde, com um ar mais aliviado e um copo de água na mão (para disfarçar).

Talvez por ser um tabu, o acto da prática do cocó recebe várias designações entre os colegas mais galhofeiros. Entre as minhas favoritas contam-se: os clássicos "arrear o calhau" ou "mandar um fax", "largar o torpedo", "obrar", ou ainda "amandar o barrote". Muito melhores do que o pouco poético "defecar".

É que embora toda a gente saiba que toda a gente também o faz, ninguém gosta de ser apanhado no acto.
Há comportamentos típicos que comprovam isso mesmo. A quem nunca aconteceu entrar na WC mas ver lá algum colega e fingir que se foi lá só lavar as mãos... ou então ficar imóvel e em silêncio dentro da casinha privada, depois de ouvir alguém entrar, à espera que o intruso saia. Caso sejamos surpreendidos à saída só nos resta manter uma pose cool e fazer um comentário inteligente do género "Olá... pois é... cá estamos!".
A vocês nunca aconteceu? Pois... ahhh... mim também não... estava só a falar porque...

Há vários tipos de WCs. As mais apropriadas para a prática do cocó empresarial são aquelas completamente fechadas.
Tendo trabalhado já em 3 ou 4 clientes diferentes, só no decorrer deste ano, tenho visto de tudo.
Já vi umas abertas em cima, outras abertas em cima e em baixo (muito más porque não isolam os sons e os cheiros, e deixam à vista os pézinhos com a calcinha nos tornozelos - haverá coisa mais deprimente?). Nestas, reveste-se ainda de maior relevância o factor silêncio durante o cocó. Chamemos-lhe o "cocó em modo furtivo".

Até já usei umas WCs, as minha favoritas, que ficavam num edifício com as paredes completamente compostas por vidros espelhados de alto a baixo. O cocó com vista para a rua é uma coisa realmente especial. Não é o ideal para a concentração e o recolhimento de espírito necessários para um cocó eficiente... e é realmente estranho ver o nosso reflexo no vidro, mas lá que tem a sua piada, lá isso tem! Algumas colegas achavam que se via de fora para dentro mas eu acho que não... enfim, talvez à noite se visse.

Ora agora voltando ao problema que nos traz aqui.
Eu agora estou numas instalações, onde o engenheiro que pensou nas WCs teve a brilhante ideia de colocar portas de vidro fosco nas privadas. Portanto estamos a falar de portas translúcidas, em que se vê o vulto de quem está lá dentro. E claro que quem está lá dentro também vê o vulto de quem passa. Conseguem imaginar imagem mais perturbadora que esta?

Obviamente as portas também são abertas em cima e em baixo para compôr o ramalhete. Mas a piéce de resistance é que, como acontece normalmente neste tipo de portas, há uma falha de cerca de 5 milimetros entre a porta e a parede. Embora não se espere que nem os clientes, nem os colegas consultores que aqui habitam vão lá espreitar, o que é certo é que se quisessem, eles podiam! Como é possível criar o ambiente de recolhimento, o nosso mundinho reservado, imprescindível ao acto da defecação?
Desde que estou neste cliente nunca mais tive paz intestinal.

Agora digam-me. É possível praticar o cocó (e já agora trabalhar) nestas condições!?

Esta também já é nossa!



Eu nem vi o jogo! Sou um pobre Choco sem TV Cabo! E agora também sem TV.
A minha fantástica TV de 70 Euros do Carrefour... 14 polegadas de diagonal de puro entretenimento... e agora aquilo avaria-se-me!? Passado 7 meses de a ter comprado? Será que já não se pode confiar na fiablidade de marcas consagradas com a BlueSky?
Um mês! É o tempo que eles dizem que vão demorar a arranjar a TV. UM MÊS!!! Daqui a um mês sei lá eu se estou vivo. Daqui a um mês já a tecnologia evolui de tal forma que vemos tv em latas usadas de atum (a minha visão de um mundo futurista é um bocado obtusa).

Nem me interessa saber se jogámos bem ou não!O que interessa é que ganhámos! E foi um troféu importantíssimo! Talvez muita gente não se tenha apercebido, mas neste jogo estava em disputa a grandes Taça dos Vencedores das Taças Ibéricas!
O Bétis foi o clube que ganhou a Taça de Espanha ao Real Madrid, logo, pela regra palerma da lógica transitiva que todos adoramos invocar: O Vitória ganhou ao Real Madrid!

Mesmo assim o jogo foi relegado para a RTP-N e não o podia ver porque não tenho TV Cabo. Será que acontecia o mesmo se o jogo fosse protagonizado por um dos três chamados "grandes" (também conhecidos como os três "metralhas")?
Felizmente pudemos ver em directo jogos tão emocionantes como os do Benfica com o Carouge e o Sion.

Mesmo com esta taça conquistada, as notícias que vêmos são coisas do género "Setúbal passou à final onde PODERÁ jogar com Sporting caso este se qualifique"...

Em primeiro lugar a notícia devia ser "O Vitória... poderá jogar com o Lisboa..." mas isso já é outra conversa...

ESTA TAÇA JÁ CÁ CANTA!!!!
Venha a do Guadiana! E mais a Supertaça!!! E o campeonato e a uefa e...

O problema vai ser durante a Taça das Nações Africanas. Vai ser a debandada geral. Pelo menos temos quase a garantia que essa taça também vai ser nossa!

E viva o Vitória!

quinta-feira, julho 28, 2005

O problema da sabotagem na consultoria

Quem nunca sonhou com isto? Chegar ao emprego uma bela manhã de sol e aquilo tinha ardido tudo.

"Pessoal, tudo de férias!"

É um sonho lindo.

Eu já pensei nisso. Uma bombinha e a coisa estava resolvida.

O grande problema é que trabalho num cliente, que não tem culpa nenhuma. Mas acho que posso viver com isso. Punha-se aqui uma bombinha (coisa pequena, só para isto arder tudo durante a noite).

Depois mandavam-me para a sede. Lá tinha que ser mais uma bomba.

E depois se me mandavam para outros clientes?

O mal da consultoria é que nunca temos um posto de trabalho fixo se trabalha em vários clientes. É uma grande despesa em bombas.

quarta-feira, julho 27, 2005

"...o chão está torto"

"Quando não se sabe dançar"...

Luís Fabiano explica as razões para sair do FC Porto: Em Portugal só se dá chutão e porrada.

Desnobelização

Parece que andam p'raí uns americanos a querer tirar o prémio Nobel ao nosso Prof. Egas Moniz.

Lembraram-se agora que a lobotomia se calhar não era assim grande ideia. E arrependeram-se de ter posto em prática (em massa) esta grande ideia do nosso Prof. Egas, nos anos 70. Se calhar isso explica muita coisa acerca da mentalidade dos americanos nos dias de hoje... mas adiante.

Ok... talvez a lobotomia não seja assim a coisa mais simpática que se possa fazer a um paciente. Mas quer dizer, de malucos eles já não passavam, não é? E não me consta que eles se queixassem muito depois do procedimento.
E até me posso lembrar de algumas personalidades a quem um lobotomiazinha não faria nada mal. E de outras que ficaram muito melhores depois da lobotomia. Eu, por exemplo, fiquei muito melhor depois da minha. É assim como tirar um dente. Só que depois temos que continuar com o aspirador da saliva para não babar a gravata. Ou é isso ou um babete.

Mas eu acho que o nosso Egas mereceu o prémio. Afinal de contas, o nosso Alfred Nobel até ficou famoso por ser o inventor da dinamite. Comparado com isso, a lobotomia é uma coisa de meninos.

Não acho nada bem que andem a desnobelizar o nosso país. Só temos dois Nobeis (Nobels?) e mesmo assim ainda nos querem tirar um? E isto ainda é só início. Qualquer dia não temos nenhum.

Esperem só até os americanos descobrirem que o nosso Saramago é comunista e não sabe usar a pontuação.

terça-feira, julho 26, 2005

O jornal "O Metro" não existe

Um desdes dias, enquanto esperava pelo meu metro de ligação na estação do Campo Grande reparei que 83,45% das pessoas à minha volta liam o jornal "O Metro".
Este número estatístico é bastante rigoroso.

Enquanto passo belos momentos no Campo Grande à espera do metro eu também leio "O Metro".
Outra coisa que faço é fugir pela milionésima vez da senhora pedinte de leste que vende a Cais, o Borda de Água, pensos Hansaplast e ainda pede esmola. Acho que qualquer dia destes ela vai tentar vender-me um apartamento em time-sharing na Brandoa, um serviço de sushi completo e um faqueiro de 24 peças. E quando eu disser que não estou interessado ela vai repetir pela trilionésima vez "Àjuda-não-sei-quê. Deus àjuda".
Acho que certos mendigos tinham muito a lucrar com umas aulas de português e dicção.

Eu gosto de ler o jornal do metro. Aliás é única forma de informação que me chega nos dias que correm. Imagino que acontece o mesmo com muita gente que anda de metro. É brilhante. Toda a informação que interessa em meia dúzia de páginas... e grátis!

Mas já pensaram no poder que isso dá? É um bocado assustador olhar em volta e ver toda a gente a ler a mesma coisa.
Se toda a gente lê aquilo e SÓ aquilo, eles podem inventar as parvoíces que quiserem e ninguém vai contestar.
Podem vender produtos, presidentes... o que quiserem, basicamente.

O maior problema do jornal "O Metro" é não estar na internet. A malta lê aquilo e depois põe o jornalinho no lixo e quando chega ao emprego quer comentar as coisas no blog e já não se lembra. E mesmo que se lembre, não dá para pôr o linkezinho da praxe para aquela notícia palerma que lêmos de manhã e a que achámos tanta piada.
Como toda a gente sabe, hoje em dia, o que não está na internet simplesmente não existe.

Por exemplo, hoje havia uma notícia sobre os milhares de recém-licenciados no desemprego e eu só pensava no meu azar em ter tirado um raio de curso daqueles em que o pessoal arranja logo emprego.
Ainda não tinha acabado o curso e já tinha estágio, depois empregos sucessivos e nem um diazinho de desemprego. É obra.
Ainda por cima o meu emprego é daqueles que dá muito trabalho. É preciso fazer coisas e as coisas têm que funcionar. E há clientes que usam mesmo aquilo e reclamam. Reclamam sempre e reclamam muito.

Porque raio é que eu não tirei um curso de Ciências Políticas, ou Relações Internacionais, ou uma coisa dessas?

Dia dos avós

Acho mal que agora toda a gente goze com a recandidatura do Dr. Mário Soares à Presidência da Républica.
A mim a minha mãezinha sempre me ensinou que não se goza com os idosos.

E será coincidência estas notícias terem começado a circular no Dia dos Avós?

O desporto favorito dos Portugueses

Ao ler o comentário da Anonymous (possivelmente este não será o seu nome verdadeiro! deve ser nome artístico!) que dizia que tinha que lavar o carro... que já tinha lá um pequeno areal...

Lembrei-me do meu pobre fixemobil.

Este fim de semana estive mesmo quase para o lavar. Mas depois ouvi dizer que ia chover e desisti. Ou a chuva lava o carro ou fico com a desculpa que "foi a chuva me sujou o carro todo".

Por dentro nem se fala. Já passou a fase do areal. Acho que já deve ter areia acumulada de vários verões, de várias praias.
Já teve musgo, mas isso já foi há algum tempo e já passou essa fase. Agora já crescem lá pequenos trevos e cogumelos e podia plantar lá uma pequena horta. Não posso garantir, mas quase de certeza que já deve ter alguma vida animal.

Até vieram alguns geólogos estudar aquilo. Espetaram aqueles tubos que eles têm e descobriram perfis geológicos até ao período mezozóico, 3 ossadas de T-Rex, dois fósseis de chocos pré-históricos, um chupachups e uma embalagem usada de kalkitos.

Se calhar o melhor por enquanto é não limpar o carro... Não quero ser responsável pela destruição de ecossistemas únicos e de um património valiosíssimo.
Depois ainda tinha a Quercus e o Ippar à perna. Com essas coisas não se brinca.

sexta-feira, julho 22, 2005

Vítima do Zoodíaco

Eu sou uma vítima do Zoodíaco. Eu sempre achei, e ainda acho, que esta coisa dos signos é uma grandessíssima treta. Mas a verdade é que há coisas que até batem certo.

Quis o destino que nascesse em Setúbal no dia 4 de Julho de 1976. Sou um caranguejo.

O caranguejo é um dos signos mais parvos que se pode ter.
Os caranguejos são uns totós. Uns palermas. Uns perfeitos falhados.

Basta ver um site qualquer sobre estas coisas dos signos. Todos dizem o mesmo. É qualquer coisa como isto:
...Características: proteção, receptividade, sentimentos, sensibilidade, ternura, criatividade artística, intuição, carência, comportamento "lunático", fantasia, impressionabilidade, vulnerabilidade psíquica e emocional, insegurança, dificuldade de cortar o "cordão umbilical", de romper com o passado. O canceriano é um ser que vive em função de seus sentimentos e imaginação, com grande sensibilidade e intuição. Tem fases, como a lua...


Então temos, entre outras: "sensibilidade", "ternura", "criatividade artística", "fantasia", "vulnerabilidade psíquica e emocional", insegurança".

Haveria várias formas de tentar fazer com que isto soasse bem. Podemos tentar alegar que "sonhador", "intuição", "sensibilidade", "criatividade artística" são coisas boas. Mas a mim soa-me tudo a "looser".

Eu sei que tenho "alma de artista". Sempre tive. "Alma de artista" é um sinónimo eufemístico para "preguiça infinita". Eu sei do que falo. Eu sou o maior preguiçoso que conheço (embora confesse já que não conheço muita gente).
Os artistas são completos inúteis que passam o dia sem fazer nada. De vez em quando lá se lembram de fazer qualquer coisa, mas a maioria do tempo estão em "processo criativo". "Processo criativo" é mais um eufemismo para: drogados, ou alcoolizados, ou apenas a dormir.
Tipicamente morrem na penúria sozinhos numas águas furtadas (também elas bastante decadentes e artísticas). Ou então caídos numa poça de vómito na valeta (que imagem bonita).

Eu não tenho culpa de ser assim. É a astrologia que manda. Eu sou um escravo do meu destino astrológico.

Mas! Se eu tivesse nascido na mesma data, mas em Pequim, o meu signo seria o Dragão. O Dragão é o Ferrari dos signos chineses. É brilhante, é forte, é um líder.
Logo por azar eu nasci no ocidente.

Será que se pode escolher qual o tipo de signo que se quer ter? Se eu vir que o meu signo egípcio (ou cigano ou outro tipo qualquer de signo que existe e eu nem sei) é melhor que eu meu, será que posso optar, como quem opta por dupla nacionalidade? E quais serão os critérios para permitir a dupla nacionalidade astrológica?

Outra possibilidade seria, caso o nosso signo não nos agrade, adoptar a astrologia regional. Podia estar aqui a inventar signos sadinos, tipo o choco frito (claro!), o sardinha e carapau, o golfinho, o perceves, ou até o peixe cagalhão... Mas não o vou fazer (se calhar já fiz, não é?).
Isso seria roubar a ideia de um blog vizinho, dedicado à nação Caramela.

Segundo esta astrologia fantástica eu sou um nativo do signo Alguidar de caracóis, mas se pudesse escolher mudava para Mosca Varejeira ou Saco da Cooperativa. O meu favorito é o Moldura de Conchinhas. Isto sim, é um signo.

Mas estas coisas dos signos são engraçadas. Quando se fala nas características dos signos tenta-se sempre salientar os pontos positivos (excepto para os caranguejos em que tal é impossível).
Para quando um horóscopo realista que diga verdades menos agradáveis como:

"Os Caranguejos são uns falhados"
"Os Leões e os Touros são uns egocêntricos parvalhões impossíveis de aturar, com a mania que são os maiores"
"Os Escorpiões são uns nojentos traiçoieros"
"Os Balanças são uns chatos indecisos que não atam nem desatam"
"Os Aquários são tão insignificantes que nem vou falar aqui deles"
(espero ter conseguido insultar a maioria dos leitores. nada como uma boa polémica para animar um blog!)

Aqui fica a ideia. Estas ideias são verdadeiras pérolas. Não sei como é que ainda ninguém se lembrou disto.
Quem quiser aproveitar e fazer um horóscopo destes, força! Mas por favor paguem-me os direitos de autor. Porque as boas ideias valem dinheiro. E eu não me apetece nada trabalhar para sempre. É que para sempre é muito tempo!

quinta-feira, julho 21, 2005

Um problema de verborreia

O post anterior era para ser uma coisa rápida... só com duas ou três linhas...
Como é que aquilo aconteceu?
Acho que tenho muita coisa para dizer ao mundo. Sem grande interesse, lamentavelmente.

A minha internet avariou-se

Para quem ainda não sabe, a minha ocupação profissional (também, por vezes, denominada de "emprego") é "consultor informático".

O meu trabalho é engraçado, quer dizer... dá vontade de rir. Embora não necessariamente a mim.
Pagam-me para andar de empresa em empresa, qual caixeiro viajante, para fazer trabalhos que os recursos internos da empresa fariam bem melhor que eu. E de forma bem mais barata, diga-se de passagem.
Os consultores são como as putas (eu não gosto de usar vocabulário vernáculo aqui na Sandes de Choco, mas desculpem, teve mesmo que ser. é a única palavra que define isto):
Trabalhamos pagos à hora, fazemos o que o cliente manda, o nosso único objectivo é manter o cliente satisfeito (mesmo que saibamos que o que ele quer é parvo e nunca vai funcionar).

Em termos tecnológicos, ainda se admite que saia mais barato contratar empresas de escravos informáticos para fazer trabalho técnico. As consultoras tecnológicas possuem o conhecimento técnico, têm os frameworks (gosto desta palavra, embora em vários anos de trabalho nunca tenha percebido o que quer dizer) certos, e bastante experiência em termos de chicoteamento e outros métodos de tortura para fazer os porcos (outro nome dado aos escravos informáticos) para fazer cumprir os prazos e preços previamente acordados.

Mas o conceito mais engraçado de todos é o da "Consultoria de Negócio". Este é capaz de ser complicado de explicar a alguém com a cabeça sã.
A coisa funciona mais ao mesmo assim:

1. O cliente tem um negócio, que funciona e dá bom dinheiro (senão eles nunca poderiam pagar a consultoria de negócio - que não é coisa para custar três tostões).
2. O cliente contrata os consultores de negócio (CNs).
3. Os senhores engravatados, de preferência com gel no cabelo e pertencentes a uma firma com nome estrangeiro aparecem (nesta fase o cliente já está a pagar).
4. O cliente explica aos CNs o seu negócio, e o que pretende fazer.
5. Os CNs escrevem tudo o que o cliente lhes explicou (ditou, de preferência. porque eles nem têm muito boa memória nem são particularmente inteligentes) em bonitas folhas de papel, com uma font bonita e vários diagramas (só ao alcance de consultores estrangeiras possuidoras dos frameworks apropriados e consultores engravatados com gel no cabelo).
6. O cliente paga uma porrada de dinheiro por uma ideia que foi dele.

Tudo isto para entrar no tema que me trouxe a este belo post.
Como bom consultor que sou, ando sempre a pular de cliente em cliente ("pular de cliente em cliente" é mais outra boa razão para o termo vernáculo, que não me atrevo a repetir, ser tão apropriado para descrever aquilo que eu faço).

Neste cliente, a nossa ligação à internet é feita através de uma maquineta a que pomposamente chamamos proxy e onde é suposto pôrmos as nossas passwords.
Esta proxy tem o condão de bloquear todo o acesso a conteúdos tão imprescindíveis ao trabalho como por exemplo o jornal "A Bola", todos os messengers e todo o tipo de pornografia.
Como é possível trabalhar nestas condições?

De vez em quando (todos os meses) as passwords expiram. Traduzindo isto por miúdos, é o mesmo que dizer que a nossa internet fica avariada.

Sem internet é impossível trabalhar. Toda a gente sabe isto mesmo que o trabalho não dependa da internet. É uma questão psicológica. Eu já trabalhei num sítio (antes de ser uma puta consultora) que não tinha internet. Mas não resultou muito bem. Acho que foi mesmo por eles não terem ligação à net nos postos de trabalho("posto de trabalho" é o termo pomposo usado nalgumas empresas para o lugar onde as pessoas passam o dia em messengers e a ler a bola e a jogar ao mine sweeper).
E quando saí desse emprego era um jogador de "paciências" muito melhor.

Foi por isto que decidi escrever no blog, usando um ficheiro de texto e depois copiando isto para o blog. Mas mesmo assim, não dá para escrever. É preciso pesquisar no google, ler coisas.

Ficamos a pensar como é que as nossas vidas foram possíveis tantos anos sem internet. E sem google!? Como é que as pessoas trabalhavam antes de haver google!? Liam as coisas em livros e manuais!? Não pode ser! Custa a acreditar.

Outra coisa curiosa é pensar que hoje em dia um PC não serve p'ra nada se não estiver ligado à net... Mas então como é que tinhamos os nossos PCs em casa durante anos? Para quê!? O que é que fazíamos?

É estranho, não é? Eu também acho!

terça-feira, julho 19, 2005

Resposta ao Sr. Spielberg

(Post de resposta ao convite endereçado à minha pessoa pelo ilustre Sr. Spielberg - e eu acredito mesmo piamente que foi ele, o próprio, que escreveu o comentário no meu blog. quem poderia ser senão ele!?)

Desculpe Sr. Spielberg.
Mas eu nunca poderia escrever sobre uma invasão de chocos malignos (já agora, parece-me que choco em inglês é "cattlefish". confundir com lula ou polvo é um insulto!!!)

Agora um parêntesis:
Eu posso escrever em português porque o Steve fala português fluentemente. A prova disso é que lê o meu blog. Ele aprendeu português quando começou a filmar aquele grande filme "Amistad", onde os portugueses eram feios, porcos e maus (aí ele até nem se enganou muito). Só foi pena nesse filme, num navio supostamente português, toda a gente falar castelhano. Ok, se calhar ele aprendeu português depois do filme.
Nesse filme os portugueses são maus porque inventaram a escravatura. Mas eles têm é inveja do nosso time to market. O que vale é ques os ingleses e holandeses rapidamente nos passaram a perna. Isto é como tudo. A malta até tem umas ideias giras mas depois não temos uma máquina com o marketing para as vender e somos sempre comidos pelos tubarões. É como o arroz de caril. Nós é que inventámos e depois vieram os indianos e roubaram a ideia (isto, como devem calcular, é uma mentira parva. mas eu posso escrever aqui as mentiras que quiser porque isto é um blog).
(fim do parêntesis - gosto desta palavra e uso-a sempre e que posso, e também algumas vezes quando não posso. e também gosto muito de usar parêntesis. já devem ter reparado nisso)

Os chocos são animais dóceis e inteligentes, assim tipo golfinhos, mas melhores porque dão pra fazer sandes. O golfinho é uma coisa que não dá p'ra nada. No máximo serve para enfeitar fontes em rotundas.

Um choco nunca faria mal a ninguém. Um thriller sobre chocos assassinos não ia resultar. Agora... se falarmos em alforrecas malignas... Isso sim! Podemos ter um blockbuster em mãos.

Quando vi o bicho virar o "ferribote" no tal filme do sr. Spielberg lembrei-me que aquilo é um perigo real nos nossos ferris Setúbal-Tróia. A alforreca é um bicho malvado e gelatinoso. Toda a gente sabe isso.
Alforrecas enfurecidas a virar os ferris, controladas remotamente pelas mentes malignas da Sonae.

Depois, num final-quase-feliz, o pessoal ia a nado até Tróia e abrigava-se numa das torres em ruínas da Torralta. O problema é que morriam todos, juntamente com os morcegos okupas quando aquilo era implodido pelos monstros demolidores do Dr. Belmiro.
Em seguida, a turba (esta palavra existe! eu confirmei no dicionário) de alforrecas malvadas ia até ao Soltróia e comia os Árabes que mandam (mandavam?) naquilo, os D'Zrt, e todo o elenco dos Morangos com Açucar (edição Férias de Verão), que apareciam em cameo, fazendo deles próprios. A banda sonora era do eterno John Williams, mas misturado pelos próprios D'Zrt.

Ora isso sim, era um bom filme. Era ou não era?

"Deiam alguma coisinha à ceguinha. Deiam alguma coisinha à ceguinha. Deiam alguma coisinha à ceguinha." Ou "O que tu queres sei eu!"

Todas as manhãs é isto. Metro do Saldanha, saída para Avenida da República.

"Deiam alguma coisinha à ceguinha. Deiam alguma coisinha à ceguinha. Deiam alguma coisinha à ceguinha."

Fôlego não falta à velhinha. A frase é repetida ininterruptamente desde que entro naquele túnel até que chego à rua. Desconfio seriamente que ela depois continua, embora eu já tenha saído.

Eu bem lhe queria dar "alguma coisinha"... Mas onde raio é que se pode comprar uma Gramática da Lingua Portuguesa em braille?

sexta-feira, julho 15, 2005

A produtividade e o Euromilhões

Hoje é sexta-feira. A minha produtividade está, mais coisa menos coisa, proxima do zero absoluto.

A sexta-feira é o dia em que eu "vou ganhar o Euromilhões". Estou plenamente convicto de que vou ganhar. Só não sei é quando. Aliás, o meu emprego é só uma coisa para eu me ir aguentando até o ganhar.

Não sei se acontece o mesmo consigo, caro leitor, mas a minha produtividade flutua, não condicionada pelo fim de semana, como seria de esperar, mas sim ao sabor do dias dos sorteios dos jogos da Santa Casa.
À medida que me vou aproximando do fim de semana a produtividade vai caindo. O espírito é "se eu ganhar o Euromilhões nunca mais ponho cá os pés, por isso mais vale deixar para depois."

Até agora nunca ganhei um tostão naquilo (mas não perco a esperança!). Sexta de madrugada, quando chego a casa, a primeira coisa que faço é ver o resultado do sorteio.
Normalmente a desilusão da "derrota" é compensada pela esperança de que há novo jackpot. E há SEMPRE novo jackpot. "Ganho p'rá semana. Até foi melhor assim. Sempre se amealha mais qualquer coisinha".

Sábado ainda é passado com uma restia de esperança. Ainda temos o totoloto e o joker. Não é tanto dinheiro como isso mas enfim, paciência...

Segunda-feira é um dia estranho. Não por ser a ressaca do fim de semana, mas sim porque estamos divididos entre o "vamos lá começar a trabalhar" e o "o melhor é não me precipitar. ainda falta o loto2".

Assim sendo, a terça é o topo da produtivdade. Não será grande coisa, mas é o auge. É o dia do "vai mesmo ter que ser". O resto dos dias é um longo e vertiginoso declive ribanceira abaixo até sexta feira.

O dia de sexta-feira é passado a imaginar o que se vai fazer com aquele dinheiro. Obviamente a primeira medida a tomar é nunca mais voltar a pôr os pés no local de trabalho.
Há a variante de ir só mais um dia ao trabalho, só para mandar os chefes para lugares que, por decoro e boas maneiras, não me atrevo transcrever nesta publicação. Um dos defensores desta variante é o meu próprio chefe, que o afirma, imagine-se, sem pudor nem vergonha.

Outra coisa que é importante planear, é a forma de desaparecer rapidamente, evitando todos os amigos que nos irão pedir dinheiro emprestado. Convenhamos que não é fácil argumentar com "Acabei de ganhar 80 e tal milhões de euros, mas não te empresto estes mil euros... é que o dinheiro faz-me falta" ou pior ainda: "custou-me a ganhar".

E será que temos que ir à mesma loja onde jogámos para levantar o prémio? E dão-nos um saco de notas!? E será que ia logo lá de manhã cedo para evitar as TVs? Eu vejo as notícias sábado e os portuguesitos que ganham vão lá sempre de manhã muito cedo. Imagino-os sempre a correr com os sacos de notas, com cifrões, quais irmãos Metralha a fugir do último assalto. Ir aonde quer que seja a um sábado de manhã é capaz de ser complicado. Diria mesmo que é uma impossibilidade física. É que o sábado de manhã para mim não existe. Para mim o sábado começa à tarde.

Estas são as questões me ocupam sexta-feira o dia inteiro. Vão ter que concordar comigo. São questões importantes!

Já tenho ouvido dizer duas pérolas de sabedoria que contestam este meu sonho:

Pérola de sabedoria número 1:

"Estes jogos são mais um fenómeno de alienação social. As pessoas preferem viver estes sonhos do que enfrentar as suas vidinhas deprimentes e tentar ser felizes com aquilo que têm."

Pérola de sabedoria número 2:

"Para ter valor, o dinheiro tem que ser ganho com o trabalho. O dinheiro fácil é uma ilusão. É vazio e futil e não nos traz felicidade."

As minhas respostas:

#1: Pois é, e então? Isto só pode sair da boca de alguém que nunca teve um emprego a sério.

#2: Isto nem merece resposta.

E acho que vou andando. Depois de uma tarde sem fazer nada, o melhor mesmo é sair cedo (belo emprego em que 19:00 é sair cedo).

Afinal de contas... hoje é o dia em que vou ganhar o Euromilhões.

Não há condições

É a capa do Público que o diz. Não sou eu. E com razão.



"Transportes de Lisboa mal preparados para ataque terrorista."

Eu concordo.
Não cumprem horários e nunca aparecem nem chegam a horas, estão velhos, são quentes no Verão e frios no Inverno.
Assim como é que um terrorista pode preparar um ataque decente? Não dá! Assim não há condições.

quarta-feira, julho 13, 2005

As vantagens de estar no emprego

Pelo menos aqui tenho ar condicionado.
(E pagam-me no fim do mês)

Em casa não tenho A/C. Tenho uma ventoínha que comprei ontem carrefour.
Tenho a forte convicção de que a ventoínha é uma das invenções mais deprimentes da criação humana. O nome, diga-se, também não ajuda muito. O sufixo "inha" dificilmente poderá conferir alguma dignidade a um objecto, qualquer que seja.

Mas ontem, ao fazer as compras habituais da semana (leite, cereais, queijo, fiambre, pão de forma artificial - tipo panrico ou similiar, cerveja. reparem como estão bem representados todos os grupos da famigerada roda dos alimentos), lá estava ela, radiosa, a olhar para mim.

Reconheço-o: Sucumbi a mais uma armadilha do consumismo. Consumi um artigo que não tinha planeado comprar. Senti-me um verdadeiro dono de casa. Ainda mais porque tinha feito uma máquina de roupa e tinha deixado uma "roupita na corda" - uma coisa que eu nunca tinha ousado sequer imaginar ser possível, embora sempre tenha sonhado poder usar esta expressão: "ter uma roupita na corda".

O A/C aqui começa a fraquejar. Está um calor que não se aguenta.
É o caos. O fim do mundo. O armagedão. Há altos brados, pranto e ranger de dentes. Agora só conto os minutos para poder correr para casa e abraçar a minha ventoínha esvoaçante.

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